sábado, 17 de abril de 2010

Criatura criada

    Naquelas ruas tortas só cabiam seus olhos e soluços.Vinha ali uma criatura incrédula com cara de machucada.O relógio ja não funcionava, também não era hora pra pensar nas horas. Quanto mais elas se perdessem, melhor seria.A criatura caminhava , freiava, a vida parava a cada suspiro.
    Os gostos de todos os vinhos baratos se misturavam, e os traços de todos aqueles rostos já se descompunham.Tantos rostos em tão pouco tempo, tanto soluços sem lástimas.A criatura tentava se desgarrar da pouca coisa que tinha. Queria mais movimento, mas cadê ?
   Tudo já era de se desesperar, mas esperava tranquila e sóbria.Aguardava a hora o tudo ou do nada.Como uma mulher que estivesse grávida do próprio irmão e sabia o quanto tudo aquilo  seria explosivo.Mas sorria lévida, ao sonhar com os olhos claros que o filho teria.O dia daquela passagem niguém mais sabia, nem eu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário