quarta-feira, 6 de abril de 2016

Quase um ano

A vida seguiu, de fato. É verdade que o tempo passou, que a menina que sempre gritava aprendeu a ser calada, que os ventos sopraram, as águas rolaram, e mais aquele clichê todo. Conheci outros homens, uns apaixonantes e outros apaixonados. Fiz amigos, colegas, alunos, conhecidos... Depois que te deixei confesso que no começo a dor foi escondida pelos remédios que andei tomando, quando parei elas apareceram mas foram diminuindo de pouquinho em pouquinho e hoje aparece de vez em quando, em dias como hoje talvez.

Mas esse fiasco de lembranças suas ainda existem aqui dentro apesar de pequeno ainda é forte. Vez  ou outra seu nome ainda sai da minha boca, seja pra reclamar do que eu passei ou pra lembrar alguma coisa engraçada. Vez ou outra dá vontade de escrever aqui e fingir que você vai ler porque isso também acontece com você (eu sei que não). 

Eu só queria pedir para que quem ouvisse essas palavras  me trouxesse um amor novo, uma pessoa que apagasse os resquícios do que ficou. Queria um daqueles sorrisos que me inundassem a alma, queria tomar flechada de algum olhar que me furasse o peito como o dele fazia. As vezes a gente tem que admitir que perdeu e que precisa de alguma coisa pra levantar, sacudir e encher a vida de alegria de novo. Aos 22 sei que aquela maluca que existia dentro de mim está indo embora depressa, e que talvez sem ela eu não consiga mais ter a coragem de amar de novo. Eu estou fazendo algo pra isso não acontecer, eu juro, já me propus até a começar de novo. Vou mudar de vida em alguns meses pra ver se meu passado começa realmente a se transformar em passado. E se, por sorte, eu conseguir substituir e amar de novo, eu quero fazer do jeito certo, eu
Existem dias secos e existem dias molhados,  que são aqueles nos quais  a gente se vê chorando e parece que na vida inteira você só precisa que alguém(pode ser um estranho) te pegue no colo, te leve pra tomar sorvete e  te faça rir fazendo seus soluços se confundirem com seus lábios se abrindo. 
Existem dias que a gente nota o quanto a gente se perdeu por aí, que a gente se dá conta que as pessoas são espinhos que cortam e dilaceram e também que sopram. Nessas horas também eu me dou conta  conta de escrever é bom demais, e logo aqui no meu blog esquecido. E que sim, escrever não vai te levar pra tomar sorvete, mas vai desentupir  parte do que está entalado, mesmo que você no final não saia nada com sentido.
De repente tu quer se ver frente a frente a e conversar, assim como quem questiona um preso naquelas séries americanas. Queria poder me questionar tanta coisa, se eu sou uma alma boa ou se eu não passo de um espírito decaído tentando me passar pra trás. Se todos os meus defeitos e perfeições não são na verdade um teatro, que eu me prego pra viver. 
Ás vezes falta coerência nos meus textos, mas também mais que isso, as vezes me falta a paz, me falta a luz, me falta expectativa, e eu tenho vontade de abrir esse paletó que me prende e me dissolver. Me colocar em posição fetal e chorar até a cabeça doer, porque sim isso resolve. E isso tudo aí molha o dia da gente, faz a gente querer sorvete e amigo. Faz a gente querer voltar no tempo e ver de novo o mundo diferente.