sábado, 27 de agosto de 2016

Planos

Eu vou ser física, mestre, médica e feliz. 
Eu vou botar silicone quando meu peito resolver cair, e vou pular de paraquedas.
 Vou à Índia, ao Chile e ao Japão. Vou sair sem rumo, e sentar num parque sozinha. 
Vou pra balada com meus amigos e vou voltar embriagada. 
Vou comprar o carro do ano, e vou dar carona pra estudantes e ir visitar as pessoas que eu gosto e moram longe.
 Eu vou ajudar essa gente, que só apanha. Vou dar aula num cursinho popular, e vou ajudar pessoas a nascerem. Também vou andar de patins, jogar tênis e fazer Ioga. 
Vou consertar minha orelha, e vou tentar ser magra. Vou cair mais uma vez, ou três ou seis. Vou passar baton vermelho pelo menos mais 98474873 vezes, e vou sair pra sorrir.
 Vou encontrar um amor, e não vou perde-lo. Ou ter um monte de cachorros, é quase a mesma coisa. Vou assistir filmes sozinha, vou chegar em casa exausta depois de um dia de trabalho. E vou num rodízio japonês sozinha pelo menos mais uma vez. 
Vou fazer amigos novos, e preservar os que já tenho. Eu vou ajudar minha família, vou viajar com eles.
 Vou escrever um livro, e ter uma página na internet. E também vou correr, todos os dias, exceto nos que eu quiser beber uma cerveja, ou três. 
Vou morar sozinha, e depois adotar um guri.  
Eu vou descansar sem pesos, nunca vou levar trabalho para casa.
 Vou uma vez pra Nova York, só pra não falar que não fui. Vou pra Cancun e voltar em Lisboa pra revê-la. 
Vou ajudar alguma instituição, vou ficar perto de Deus. Vou ser do bem. 
E depois de tudo isso, eu vou sentar numa pracinha, e contar pra alguém tudo que eu fiz, e que eu só precisei de uma vida pra isso...


domingo, 21 de agosto de 2016

Ontem eu fui naquele restaurante em que te contei da dor de barriga no Marrocos,
Eu ficava olhando nossa mesa e lembrando nossa coversa, seu rosto, minha felicidade aqueles dias. Me deu uma saudade...
Foi então que eu comecei a beber mais, e a cada dose a sua presença me invadia mais.
O cara que estava comigo pagava a minha conta e seus pecados juntos,
O resultado foi que me embriaguei, desci para a balada e  te via em todo lugar.
Sabe, o tempo foi curto, mas o estrago foi grande.
Tem dias que acho que te esqueci, mas ontem não foi um deles.
Toda aquela paixão, e aquelas promessas e planos que para você não passaram de papo furado, me furaram.
E ontem eu percebi que preciso de terapia, que não gosto de toques, e que tenho ressacas terríveis.
Ressaca de tequila e sua.

domingo, 14 de agosto de 2016

O senhor não é o melhor exemplo de pai, nem mesmo o mais presente. Te vi errar e repetir seus erros, te vi chorar por eles. Nunca te tive como meu super herói, nem como meu ponto de apoio. Mas eu sei que você sempre esteve lá, pronto para me socorrer mesmo que eu não pedisse ajuda. Eu sei que você sempre torceu por mim, e com a velha frase "cuidado, viu filha?" eu sempre soube que se preocupava.

Sei também que morre de orgulho do que eu me tornei, e que sente muito em não ter me acompanhado tanto. Eu sei que você nunca irá ler isso, mas eu só estou escrevendo para explicitar para mim mesma que eu te amo e sou muito feliz em ter você na vida.


sexta-feira, 20 de maio de 2016

Hoje eu vim aqui dizer que eu estou feliz.
Hoje parece que eu finalmente me despi daquelas dores e deixei alguém me encantar novamente. Sinto a insegurança, um medo bom. Uma tranquilidade que me tira o fôlego. Encontrei alguém que me fez sentir um pouco de admiração, e mesmo que este sentimento dure pouco como os outros já é alguma coisa. Hoje eu quis contar para meus amigos sobre os olhos dele, sobre o jeito como me trata com um zelo e um carinho, sobre meus anseios... Foi tanta a vontade que tive que registrar aqui.

E hoje me veio aquela musiquinha velha que eu cantei a uns anos atrás...

" ... Por ele eu passava o dia inteiro, a meditar...
bebendo chá verde ele diz: fica feliz que vai funcionar.
Mas eu tô feliz..."

Ah, eu só quero amor... seja como for,  o amor. Seja bom, seja bom, seja bom... seja amor...

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Quase um ano

A vida seguiu, de fato. É verdade que o tempo passou, que a menina que sempre gritava aprendeu a ser calada, que os ventos sopraram, as águas rolaram, e mais aquele clichê todo. Conheci outros homens, uns apaixonantes e outros apaixonados. Fiz amigos, colegas, alunos, conhecidos... Depois que te deixei confesso que no começo a dor foi escondida pelos remédios que andei tomando, quando parei elas apareceram mas foram diminuindo de pouquinho em pouquinho e hoje aparece de vez em quando, em dias como hoje talvez.

Mas esse fiasco de lembranças suas ainda existem aqui dentro apesar de pequeno ainda é forte. Vez  ou outra seu nome ainda sai da minha boca, seja pra reclamar do que eu passei ou pra lembrar alguma coisa engraçada. Vez ou outra dá vontade de escrever aqui e fingir que você vai ler porque isso também acontece com você (eu sei que não). 

Eu só queria pedir para que quem ouvisse essas palavras  me trouxesse um amor novo, uma pessoa que apagasse os resquícios do que ficou. Queria um daqueles sorrisos que me inundassem a alma, queria tomar flechada de algum olhar que me furasse o peito como o dele fazia. As vezes a gente tem que admitir que perdeu e que precisa de alguma coisa pra levantar, sacudir e encher a vida de alegria de novo. Aos 22 sei que aquela maluca que existia dentro de mim está indo embora depressa, e que talvez sem ela eu não consiga mais ter a coragem de amar de novo. Eu estou fazendo algo pra isso não acontecer, eu juro, já me propus até a começar de novo. Vou mudar de vida em alguns meses pra ver se meu passado começa realmente a se transformar em passado. E se, por sorte, eu conseguir substituir e amar de novo, eu quero fazer do jeito certo, eu
Existem dias secos e existem dias molhados,  que são aqueles nos quais  a gente se vê chorando e parece que na vida inteira você só precisa que alguém(pode ser um estranho) te pegue no colo, te leve pra tomar sorvete e  te faça rir fazendo seus soluços se confundirem com seus lábios se abrindo. 
Existem dias que a gente nota o quanto a gente se perdeu por aí, que a gente se dá conta que as pessoas são espinhos que cortam e dilaceram e também que sopram. Nessas horas também eu me dou conta  conta de escrever é bom demais, e logo aqui no meu blog esquecido. E que sim, escrever não vai te levar pra tomar sorvete, mas vai desentupir  parte do que está entalado, mesmo que você no final não saia nada com sentido.
De repente tu quer se ver frente a frente a e conversar, assim como quem questiona um preso naquelas séries americanas. Queria poder me questionar tanta coisa, se eu sou uma alma boa ou se eu não passo de um espírito decaído tentando me passar pra trás. Se todos os meus defeitos e perfeições não são na verdade um teatro, que eu me prego pra viver. 
Ás vezes falta coerência nos meus textos, mas também mais que isso, as vezes me falta a paz, me falta a luz, me falta expectativa, e eu tenho vontade de abrir esse paletó que me prende e me dissolver. Me colocar em posição fetal e chorar até a cabeça doer, porque sim isso resolve. E isso tudo aí molha o dia da gente, faz a gente querer sorvete e amigo. Faz a gente querer voltar no tempo e ver de novo o mundo diferente.